Carta de controle: Como controlar a qualidade na prática

Carta de controle: Como controlar a qualidade na prática

O projeto de um produto ou serviço define quais são as especificações que traduzem a necessidade dos clientes. Garantir que esses parâmetros sejam controlados adequadamente é fundamental para manter a percepção de qualidade do resultado dos processos da empresa. Além disso, é preciso controlar as perdas. Por exemplo, uma indústria de envase de vacinas precisa colocar a quantidade exata de ml em cada embalagem. Caso contrário, enviará mais produto do que o necessário, gerando consequentemente uma perda de receita ou, pior ainda, a dose será insuficiente para a imunização, implicando na morte de centenas de pessoas.

A ferramenta mais adequada para controlar a qualidade é a carta de controle, ou gráfico de controle. Basicamente, existem sete tipos de gráficos divididos em dois grandes grupos.

  1. Variáveis
    1. Gráfico de controle de X. Este gráfico deve ser usado quando é necessário controlar um parâmetro mensurável, por exemplo, o peso de um produto, mas as amostras são unitárias, ou seja, n =1, devido a dificuldades ou custos operacionais significativos.
    2. Gráfico de controle X-R. Este gráfico, que é o mais usado na prática, é semelhante ao gráfico de controle de X, no entanto as amostras podem assumir tamanhos entre 2 e 9. Essa quantidade maior na amostra nos dá condição de avaliar a evolução da média bem como da amplitude dos dados, que é a diferença entre o maior e o menor valor dentro da amostra.
    3. Gráfico de controle X-S. Os gráficos de controle deste tipo podem ser usados com a amostra pode ser maior do que 10. Para esta ordem de grandeza de amostra a amplitude não estima tão bem a dispersão quanto o desvio padrão amostral S.
  2. Atributos
    1. Defeituosos
      1. Gráfico de p. Este tipo de gráfico avalia atributos, ou seja, passa/não passa, ok/nok, dentre outros. Nele vamos avaliar a proporção de itens defeituosos na amostra. Ainda para este gráfico, temos que a amostra pode assumir vários tamanhos n.
      2. Gráfico de np. Semelhante ao gráfico de controle p, o gráfico np controla o percentual de defeituosos. A diferença principal é garantia do tamanho de amostra fixo.
    2. Defeitos
      1. Gráfico de c. Estes gráficos medem defeitos, ao invés da proporção de defeitos como os gráficos p e np. Com tamanho de amostra fixo, característica compartilhada com os gráficos np, os gráficos de controle c medem um defeito específico, por exemplo, o número de marcas de carrapato em uma peça de couro.
      2. Gráfico de u. Os gráficos do tipo u são semelhantes aos gráficos c, com a diferença daquele apresentar tamanho variável para a amostra.

Usualmente, quando esses gráficos são apresentados as fórmulas associadas para cálculo dos limites de controle são apresentadas. Neste artigo apenas farei referência ao uso do pacote do R, qcc. Esse pacote conta do CRAN e pode ser baixado facilmente. Nele estão disponíveis todas as ferramentas necessárias para implantar o controle estatístico de processo.

Quanto a gestão sistemática, para decidir se o processo merece uma investigação mais aprofundada ou não, ou seja, se um processo está fora ou sob controle, pode-se usar as seguintes regras:

  1. Pontos fora dos limites de controle;
  2. Comportamento alternante (serrote);
  3. Dois pontos próximos ao limite de controle;
  4. Tendência aparente em um sentido (caído ou subindo);
  5. Comportamento estranhamente na média;
  6. Cinco pontos de um lado da linha central; e
  7. Súbita mudança de nível.

Vale lembrar que, mesmo seguindo as regras descritas acima, o risco de cometer uma injustiça ainda existe, dada a natureza de inferência associada à obtenção de amostras. É importante destacar que existem dois tipos de erros que podem ocorrer durante o controle de qualidade de produtos e serviços.

O primeiro é o erro tipo 1, que está associado à investigação de um problema, quando na verdade não existe problema algum. Já o segundo é o erro tipo 2, que está relacionado a não tomar nenhuma ação mesmo quando uma investigação se faz necessária. Essa mesma lógica também se aplica a um carregamento que chega na empresa, e para o qual é feita uma amostragem. É possível rejeitar um lote que está dentro dos parâmetros de qualidade aceitáveis, o que configura um erro tipo 1, ou aceitar um lote que está fora dos padrões de qualidade, o que configura um erro tipo 2.

Na prática, para controlar a qualidade de produtos e serviços, é necessário contratar um engenheiro de produção, que é o profissional legalmente habilitado para realizar essa tarefa. A escolha inadequada de cartas de controle, a não análise dos instrumentos de medição ou a falta de conhecimento estatístico aprofundado pode resultar em prejuízos financeiros significativos, principalmente relacionados aos parâmetros de controle, como peso ou volume.

Portanto, é fundamental contar com uma solução completa que auxilie na implementação de um sistema eficaz de controle de qualidade, minimizando os riscos de erros e prejuízos para a empresa.