Cp e Cpk: Seu processo é capaz de produzir produtos dentro da especificação?

Cp e Cpk: Seu processo é capaz de produzir produtos dentro da especificação?

Um restaurante famoso pelo sabor característico das refeições por ele produzidas decepcionou um cliente, ou melhor, todos os clientes naquele dia. Ausência da cozinheira chefe foi sentida por todos, e infelizmente, a reputação do restaurante foi manchada.

Como evitar esse tipo de situação? Em outras palavras, como evitar que a especificação de um produto ou serviço deixe de ser cumprida? Não adianta entender bem o cliente, definir especificações alinhadas, estruturar produtos e processos capazes de entregar o resultado desejado se o controle for falho. Nesse sentido, é necessário estabelecer uma sistemática de padronização e treinamento excepcionais e, além disso, definir uma sistemática de controle que seja capaz de separar ruído e sinal.

A padronização e o treinamento são fundamentais para reduzir a variabilidade do processo. Por exemplo, se existe uma POP (procedimento operacional padrão) ou IT (instrução de trabalho), temos o passo-a-passo para produzir um bolo. Se formos produzir 300 bolos, o consumo de materiais, o tempo gasto e o sabor esperado podem ser estimados em função do padrão estabelecido, caso os responsáveis pela execução desta tarefa sejam muito bem treinados. A ausência de padrões implicará uma elevada variação, que pode gerar produtos fora das necessidades dos clientes e consequentemente aumento de custos e redução das receitas.

Algum tempo depois que o processo de padronização e treinamento estiver estabelecido, o nível dos resultados entregues ao cliente será estabilizado em um patamar jamais visto. Nesse momento a empresa passa por um processo de relaxamento e os problemas podem voltar a acontecer. Para manter o resultado de alto padrão e avançar ainda mais no sentido da excelência, é necessário a implementação do CEP, o controle estatístico de processo.

Basicamente o CEP estabelece uma série de gráficos de controle que monitoram sistematicamente o processo. O objetivo aqui é separar o ruido do sinal. Quem já chamou a atenção de um funcionário e viu o rendimento aumentar logo no trabalho seguinte? Essa pode ser uma percepção falha. Por exemplo se o número de produtos defeituoso em um lote for de 3,1% e depois o número foi para 2,3%, isso pode ter sido apenas uma flutuação estatística, um ruído. Mas então, como saber se o processo realmente é capaz de entregar dentro das especificações?

Há dois parâmetros usados popularmente na indústria que tratam da capabilidade dos processos o Cp e o Cpk. O Cp verifica tolerância da especificação em relação à dispersão do processo, conforme mostrado na fórmula seguinte:

A limitação desse método está no caso de distribuições de probabilidade assimétricas, uma vez que a tolerância especificada pode ser igual a variação do processo, mas podem estar desalinhadas. Por exemplo, a garagem pode caber o carro, mas se o motorista vai parar lá dentro, no centro da vaga, é outra coisa. Para capturar essas questões relacionadas à simetria existe uma outra medida, o Cpk, descrito conforme a fórmula abaixo.

Voltando ao exemplo do carro na garagem, a fórmula do Cpk indica se o carro parou muito perto do lado direito ou esquerdo, respectivamente limites inferior ou superior, e escolhe o pior caso, ou seja, o menor valor, como referência para o Cpk.

Lições importantes deste conteúdo.

  • Reconhecer que existem flutuações naturais e que estas são devidas ao acaso é uma   evolução no sentido gerencial;
  • Conhecer a capabilidade dos processos da empresa, capacidade de entregar dentro das especificações, é fundamental para evitar frustrações e identificar oportunidades de melhoria; e
  • Controlar os processos sistematicamente, separando o ruído do sinal evita que medidas sejam tomadas desnecessariamente, evitando assim perturbações que podem tirar o processo do estado de controle.